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TOP MÁQUINA

Eu faço Trail e sou uma Máquina. E isso é Top!

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Sobre o vegetarianismo

por Pedro Caprichoso, em 30.11.16

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Estão a ouvir isto? Isto é o som do violino mais pequenino do mundo a tocar em honra dos animais que morrem com vista a alimentarem outros animais. Malandros dos leões que matam gnus para comer; malandros dos lobos que matam lebres para comer; malandros dos linces que matam ratos para comer; malandro do meu Tio Manuel que mata porcos para comer.

 

Nada contra os meus semelhantes que decidem retirar os animais da sua dieta por razões morais. Estão no seu direito. De certa forma, confesso que até os admiro. Agora, o que eu não aceito é que estes apontem o dedo a quem come chicha e peixinho. Olhem à vossa volta: a natureza não é moralmente correcta. Uma cria de gnu nasce e, passadas duas horas, está a ser devorada por uma matilha de hienas. É assim. Na natureza há carnívoros e omnívoros, cuja dieta evoluiu no sentido de consumirem outros animais. Habituem-se. Talvez a evolução se encarregue de nos tornar vegetarianos, mas forçar as coisas não faz sentido. Quantos mais exemplos são precisos para finalmente percebermos que ir contra a natureza só dá merda?

 

Em termos morais, aos olhos da natureza, o problema não está em matar animais com vista à alimentação. De outra forma, teríamos de proibir os leões de caçarem e obrigá-los a comer hortaliça. O problema está na forma como os animais que nos alimentam são explorados. A morte está longe de ser a pior coisa que acontece a um porco, vaca ou galinha que sai de uma exploração industrial com destino ao nosso prato. Querem um alvo? Lutem contra a indústria alimentar, que polui, esgota os recursos naturais (sobretudo água) e inflige sofrimento desnecessário aos animais em detrimento da maximização do lucro. Não lutem contra as pessoas que comem carne e que nela têm a sua única forma de acesso a proteína. Ser vegetariano é muito bonito, mas está longe de ser acessível ao bolso de qualquer um.

 

Dito isto, tenho de admitir que há um aspecto deveras hipócrita no que toca ao consumo de carne. Esse aspecto tem a ver com o facto de que, hoje em dia, já ninguém mata os animais que consome. A meu ver, só quem mata tem legitimidade para comer carne—pois é justamente isso que acontece na natureza. Isso de comer uma bifana é muito bonito, mas eu gostaria é de vos ver a enfiar a faca no porco e vê-lo a estrebuchar. Se as pessoas (sobretudo os mais novos) tivessem de matar para comer, aposto com vocês como mais de metade deixaria de comer carne num piscar de olhos. Muitos nem coragem para cozinhá-la têm. A morte dos animais está hoje limitada aos programas de televisão sobre a vida selvagem, sendo que anda por aí muita gente de hambúrguer na mão que nunca viu um animal a morrer à sua frente. Para além das questões relacionadas com a saúde, esta é a outra razão pela qual eu consumo quase exclusivamente carne de origem caseira (i.e. fornecida pelos meus pais). Não sou eu que “escochino o reco” ou decapito o pescoço das galinhas, mas ao menos dou uma ajuda. Ninguém segura o rabo do porco melhor do que eu.

 

Despachadas as questões morais, viremo-nos para a saúde. O problema em termos de saúde não está no consumo de carne e peixe per si. O problema está no tipo de carne e peixe que se consome. Comer boa carne e bom peixe de forma equilibrada e variada não representa qualquer problema para a saúde. Uma coisa é o consumo exagerado de carne—sobretudo vermelha—de origem industrial / processada, com a ingestão de todas as porcarias (vestígios de antibióticos, hormonas, conservantes, etc.) que isso acarreta e doenças que promove. Outra coisa é teres um porquinho e galinhas no quintal e dar-lhes apenas alimento de origem natural. A diferença é da noite para o dia. Como disse anteriormente, consumo quase exclusivamente carne de origem caseira e não me lembro da última vez que comprei carne em talhos e supermercados. Para mim, aquilo não é comida. É mais parecido com esferovite. Confesso que o peixe não me faz tanta espécie, mas a carne enoja-me. Entre comprar carne em talhos e deixar de comê-la, mais depressa opto pela segunda opção.

 

Em suma, percebo—e até respeito—a escolha de não comer carne e peixe. Aquilo que me custa a engolir é a militância da necessidade de esfregar na cara dos outros que se é vegetariano, censurando quem não o é. Se for no sentido de criticar a indústria alimentar, tudo bem. Força com isso. Agora, se for para apontar o dedo aos omnívoros, tudo mal. Acham que é errado em termos morais? Nesse caso, apontem igualmente o dedo à natureza e aos carnívoros que nela habitam. Acham que é errado em termos de saúde? Azar. Aquilo que fazemos com o nosso corpo tem a ver com a nossa liberdade pessoal e ninguém tem nada a ver com isso.

 

O leitor está por esta altura a perguntar-se por que carga d’água é que eu estou a falar de vegetarianismo neste pardieiro dedicado à corrida em contexto montanhoso. Bem, eu explico: porque verifico que a moda do atleta vegetariano começa a pegar no Trail Nacional. Só por isso. Passem bem. Quanto ao mais, diria que vai-se andando dentro das circunstâncias impostas pelas medidas de austeridade ao nível da influência da baba de camelo na indústria do arame farpado.

As 5 melhores frases de engate para levar a vossa mulher para a cama na véspera de um Ultra Trail

por Pedro Caprichoso, em 19.11.16

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1.

Bem, com esta primeira táctica de engate basta dizer "Amor, anda cá ver isto" e mostrar a foto do André Rodrigues acima publicada à vossa cara-metade que ela fica logo com os calores. É limpinho limpinho.

 

2.

"Bebé, o meu astrólogo diz que o sexo é a melhor forma de relaxar os músculos antes de uma prova."

 

3.

"Docinho, depois desta prova vou ficar 2 semanas sem me conseguir mexer, pelo que é melhor aproveitar hoje."

 

4.

"Fofinha, tens de "tratar" de mim. Caso contrário, amanhã vou fazer a prova com a tenda armada e vai ser uma vergonha."

 

5.

E, por fim, a melhor de todas: "Xuxu, o meu treinador diz que devemos ir para a prova o mais leve possível."

A Vacina Contra os Falsos Campeões

por Pedro Caprichoso, em 17.11.16

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O adepto médio de Trail tem dificuldade em olhar para as características de uma prova (nomeadamente km e D+) e avaliar se o tempo do vencedor é digno de um campeão. Na estrada é fácil: as provas são geralmente planas e ninguém fica impressionado, por exemplo, com um pódio numa Meia-Maratona acima de 1h10. Já no Trail é complicado fazer essa avaliação, pelo que poucos olham para o tempo final dos vencedores e estes são automaticamente encarados como “Campeões”, quando na verdade não passam de atletas mediados.

 

Posto isto, tenho uma boa notícia para te dar. Se tens dificuldade em identificar os verdadeiros campeões do Trail Nacional e estás farto da banalização dos falsos, apresento-te a vacina contra os últimos. Chama-se Índice de Performance ITRA. Como o próprio nome indica, trata-se de um índice (baseado em fórmulas matemáticas) que avalia a performance dos atletas tendo em conta o tempo e as características das provas. É atribuída uma pontuação por prova e o “valor” do atleta é determinado pela média ponderada das suas 5 melhores performances dos últimos 2 anos mais o ano corrente. Há pequenas falhas recorrentes relacionadas com atletas duplicados e avaliações duvidosas da dificuldade das provas, o que é compreensível tendo em conta a quantidade de dados. Os Trilhos dos Abutres são, por exemplo, claramente subvalorizados devido à sua dificuldade técnica. No entanto, no geral, trata-se de uma classificação bastante fiável. Basta analisar a lista dos melhores para ver que a coisa faz sentido. Por alguma razão temos o Kilian Jornet em 1.º lugar. Eis o seu índice ITRA.

 

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Para além da pontuação geral (independe da distância), temos ainda acesso às pontuações refentes ao Trail (< 42km), Trail Ultra Médio (42 km a 69 km), Trail Ultra Longo (70 km a 99 km) e Trail Ultra XLong (> 100 km). Assim sendo, já não há desculpas. Da próxima vez que te cruzares com um falso Campeão, atira-lhe a sua classificação ITRA às trombas e vais ver que ele mete logo o rabinho entre as pernas e começa a piar baixinho. Para início de conversa, basta dizer que andam por aí supostos “campeões” que nem no top100 nacional estão.

 

Resta dizer que para ter acesso a este índice é preciso ter uma conta na plataforma da ITRA. A conta e a pesquisa (por nome) dos índices dos atletas é gratuita. A pesquisa e obtenção da lista ordenada dos melhores atletas é paga (5€). Em jeito de exemplo, eis a lista dos atletas nacionais com mais de 700pts ITRA no Trail Ultra XLong (> 100 km):

 

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Rescaldo nos Bastidores do Campeonato do Mundo de Trail

por Pedro Caprichoso, em 04.11.16

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Começo por dirigir-me aos cagões. Falo dos tipos e tipas que, à boca cheia, andaram a espalhar nas redes sociais que participaram no TWC2016—Campeonato do Mundo de Trail. Não, não participaram. Apenas 12 portugueses participaram no TWC2016. O TWC2016 tinha 85k e 4.700 D+. Não tinha 55k e 3.000 D+. O TWC2016 partiu do Rio Caldo. Não partiu de Ambos-os-Rios. Os melhores do mundo não correram de babete. Vocês correram. Vocês não correram com os melhores do mundo. Vocês fizeram uma prova que não tinha nada a ver com o TWC2016. Tenham vergonha. Eu percebo: vocês têm amigos que não percebem a ponta de um corno de Trail e esperam que eles caiam na esparela. Poderá até haver quem acredite, mesmo, que vocês são “um dos melhores do mundo”. Todos temos um primo em segundo grau que não fecha bem a tampa e acredita em tudo o que lhe dizem. Eu também tenho um primo desses e, por vossa culpa, tive de explicar-lhe por que não participei no TWC2016. Eis a razão do meu asco. “Se até o Antunes—Ultra Runner participou, por que é que tu não participaste?” Acontece que isso comigo não pega. Não cola. Não tem tracção. Por falar em tracção, o que dizer das novas adipas boosta? As boosta agarram a tudo, inclusive a bosta de garrano. O novo campeão do mundo que o diga.

 

 

Passe a modéstia, a minha claque foi a melhor claque do TWC2016. Para além de fazermos mais barulho, estivemos no terreno desde as 5 da manhã e incentivámos todas as selecções graças à nossa soberba capacidade poliglota. Fizemos um curso intensivo de 3 meses em casa do Jorge Jesus de maneira a apoiar os atletas na sua língua materna e o resultado ficou à vista. Em espanhol gritávamos «Vamonos muchachos!», «Coño!», «Muchos Cojones!». Em francês bradávamos «Allez Allez!», «Courage Champignon!», «Puissance au Jambon!». Em italiano ululávamos «Coraggio!», «Andiamo Mafioso!», «Dá-lhe no Spaghetti!». Em japonês gaguejávamos «Arigato Sangoku!». Em alemão berrávamos «Scheiße!», «Flicken Merkel», «Himmeldonnerwetter Schäuble». Concorrência só da mota 1, que também lá esteve a cobrir o acontecimento. A vantagem da zundapp é que possui tracção motorizada e consegue acompanhar os atletas da frente durante mais tempo. Os elementos da minha claque, ao fim de 50 metros, já estavam com os bofes de fora.

 

 

Seguíamos em procissão entre o Gerês e a Serra Amarela quando a excursão ficou barrada à passagem de uma aldeia. Uma ambulância encontrava-se estacionada numa zona de tal forma apertada que inviabilizava a sua ultrapassagem. Soubemos mais tarde que estavam a socorrer um velhote. O coitado ficou com falta de ar quando assistia ao relato do Mundial de Trail pela TSF Runners. Desconhece-se, porém, se o piripaque teve a ver com a voz sexy da Barbara Baldaia ou com o facto do Tiago Aires estar na luta pelo top10. Felizmente que o Rui Pinho também seguia na caravana e lá conseguiu resolver o imbróglio. O idoso teimava que não entrava na ambulância—porque queria morrer em casa—e só mudou de ideias quando o patrão da ATRP prometeu que apresentar-lhe-ia a Emelie Forsberg. Eu acho que vai ser pior a emenda do que o soneto. Se ele fica com falta de ar com um relato, imaginem o que lhe vai acontecer quando ele vir a Sueca ao vivo e a cores. Eu teria um desfibrilador de prevenção, pelo sim pelo não.

 

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Aproveito a oportunidade para deixar uma advertência ao indivíduo ou indívidua que usou o meu corno à socapa: eu tenho herpes e hemorróidas, por isso aconselho-te a fazer análises. Quanto digo herpes, falo de herpes genital. Quanto digo hemorróidas, falo de prurido no olho do cu. Uso a extremidade afiada do instrumento para coçar o rabo quando estou em casa aborrecido e não tenho nada melhor para fazer. Desconfio que tenha sido uma mulher, já que nele encontrei vestígios suspeitos. Podia ter sido o Jérôme Rodrigues? Podia, mas ele estava em prova. Tinha ido aliviar a tripa atrás de um monte de carqueja quando regresso à bancada do estádio do Soajo e encontro o corno com marcas de batom. Alguém havia tocado no corno sem o meu consentimento e fiquei ‘pior que fodido’.

 

A meta montada nos Arcos de Valdevez parecia a passerelle de um desfile de moda. Os modelos exibiam as t-shirts de finisher das provas mais duras que haviam feito até à data. É para os estrangeiros verem quem é a maior potência do Trail Mundial. [Quando digo estrangeiros, refiro-me às estrangeiras. Mais precisamente às mulheres. Mais precisamente às francesas. As gaulesas eram ‘mais do que as mães’ e estavam em todo o lado, incentivando os seus compatriotas. Saquei 6 números e agora só preciso de descobrir o indicativo de França para lhes ligar. Só por curiosidade, como se chama um ménage a trois com 6 francesas? Ménage a six?] Fiquei a saber, por exemplo, que pelo menos 10 portugueses fizeram o UTMB, 6 a Ronda del Cims e 64 a Corrida do Pai. Apreciei em particular aqueles tipos que faziam questão de envergar o casaco de finisher dos Campeonatos Nacionais de Trail, ainda que debaixo de um calor insuportável. Valentes! Os estranjas acham-se muito bons, mas não sabem com quem se estão a meter. No caganço ninguém nos bate.

 

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Desconfio que os desfalecimentos que se verificaram na meta não são estranhos ao homem da marreta. Se dúvidas havia de que ele existe, ei-lo na foto abaixo publicada a malhar num atleta norte-americano. Acham que é por acaso que os americanos tiveram uma prestação tão fraquinha no TWC2016?

 

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Depois dos excelentes resultados obtidos pela Selecção Nacional, há que arregaçar as mangas e continuar rumo ao infinito. O caminho faz-se caminhando, o voo faz-se voando, o nado faz-se nadando, o pedal faz-se pedalando, a corrida faz-se correndo e o trilho faz-se trilhando. São enumeras as acções de melhoria a implementar no sentido de promover a evolução do nível do Trail Nacional. Eis sete: (1) obrigar as organizações a introduzirem prémios monetários nas provas do Campeonato Nacional; (2) promover a presença dos melhores atletas nacionais em provas internacionais para estes ganharem mais experiência; (3) garantir maior visibilidade da modalidade na comunicação social de forma a atrair mais patrocinadores; (4) começar a investir na formação de novos talentos; (5) comprar meia-dúzia de picos nos Alpes franceses e plantá-los no Alentejo; (6) naturalizar duas centenas de quenianos e ensiná-los a usar bastões; (7) patrocinar a mudança de sexo dos bons atletas masculinos que competem em provas de aldeia em detrimento dos Campeonatos Nacionais—se têm medo da competição enquanto homens, pode ser que o percam enquanto mulheres. Tudo isto é importante. Ainda assim, sem prejuízo das medidas atrás elencadas, o mais importante está presente na imagem abaixo publicada. Nalgas? Sim, é isso mesmo. Nalgas de mulher é o elemento mais importante de uma política desportiva responsável ao nível do Trail Running. Funciona assim: quantas mais nalgas, mais mulheres a exibi-las nos trilhos e mais homens a apreciá-las. É por estas e por outras que o CEO deste pardieiro pertence ao conselho consultivo da ATRP.

 

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