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TOP MÁQUINA

Eu faço Trail e sou uma Máquina. E isso é Top!

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A Sobrevalorização dos Atletas nas Redes Sociais

por Pedro Caprichoso, em 01.12.15

Começo por deixar bem claro que o meu alvo não são os atletas. Estes merecem o meu maior respeito, pois enquanto atletas amadores fazem o melhor que podem com muito esforço e dedicação. O meu alvo são determinadas equipas de Trail Running, que aproveitam-se da ignorância desportiva do Zé-Povinho e dizem os maiores disparates sem que ninguém as questione. Hoje em dia, aparentemente, vale tudo.

 

Dois exemplos recentes:

 

1. GAIA TRAIL

 

A propósito do excelente resultado do Luís Gil na Maratona do Gerês, a sua equipa qualificou-o como “o atleta mais completo do panorama português do atletismo”. A sério?

 

http://tinyurl.com/jb2hoyr

 

Antes de mais, tenho de felicitar o Luís Gil pela sua excelente performance. Convivi um pouco com o Luís quando corríamos pela Juventude Vidigalense e só tenho boas coisas a dizer sobre ele. Excelente atleta e melhor pessoa. Agora, qual é a necessidade de cair no exagero? O atleta mais completo do panorama português do atletismo? A sério? O Luís é um atleta completo? Sim, podemos considerar que sim: campeão de Marcha, bom atleta amador de estrada e bom atleta de trail. Agora, o mais completo? Por quê?

 

  1. Se é porque fez Marcha, nesse caso não há termo de comparação, pois não conheço outro campeão de marcha que compita em estrada e no trail. Ou seja, nesse caso o “mais” não faz sentido. Só faria sentido em comparação com outros atletas em iguais circunstâncias.

 

  1. Andamos aqui todos a brincar ao desporto amador e alguns de nós fazem-no com muito mérito, como é o caso do Luís. Mas não há comparação possível entre um atleta amador e um atleta profissional. Vamos comparar 2h40 com 2h10 na Maratona, é isso? 2h40 é um excelente tempo para um amador, mas ainda assim fica a anos-luz da performance alcançada por um atleta profissional – de que é exemplo o Rui Pedro Silva. Há que ter noção das coisas.

 

  1. Todos somos amadores e estar a afirmar que um de nós é o “mais”, seja em que categoria for, não faz qualquer sentido. Ainda para mais, tal comparação é totalmente injusta para o Luís (pois estão a compará-lo com o que não é comparável) e injusta para os atletas profissionais da nossa praça (que estão muitos patamares acima de qualquer um de nós).

 

 2. FAFE RUNNERS

 

A propósito do «Prémio de Mérito Desportivo» atribuído pela Cidade de Fafe ao Nuno Fernandes, a sua equipa qualificou-o como um dos “um dos melhores atletas de Trail Running Nacional.” A sério? Um dos melhores? Mas estamos a brincar com a tropa ou quê?

 

http://tinyurl.com/j56f3vm

 

Ao contrário do Gil, não conheço o Nuno pessoalmente. Em boa verdade, até tive de pesquisar para saber quem ele é. E o que eu descobri é que ele tem feito uns resultados engraçados. Nada mais do que isso. Resultados esses que foram alcançados maioritariamente em provas de segunda linha, em que a concorrência deixa muito a desejar. Não estou a retirar mérito ao atleta. O atleta, enquanto amador, faz o que pode com todo o sacrifício e dedicação – e a mais não é obrigado. Estou simplesmente a constatar um facto: as suas melhores classificações foram alcançadas em provas que não fazem parte dos Campeonatos Nacionais de Trail, onde aí sim se vê quem são os melhores.

 

O busílis da questão é que hoje em dia há 1254 provas de trail por semana, e só quem está por dentro do trail é que sabe avaliar o mérito de um resultado tendo em conta a concorrência que se apresenta à partida de cada prova. Para o Zé-Povinho uma vitória é uma vitória, independente de ter sido obtida nos Trilhos dos Abutres ou no Trail de Curral de Moinas, e há equipas que se estão a aproveitar disso para sobrevalorizar os seus atletas. A verdade, para um conhecedor do trail, é que um Top20 nos Abutres é melhor do que uma vitória em Curral de Moinas. É tão simples quanto isso.

 

Posto isto, quando se diz que o Nuno é “um dos melhores atletas de Trail Running Nacional”, estamos a compará-lo exactamente com quem? É que assim, de repente, por ordem alfabética, apresento-vos 30 atletas melhores do que o Nuno. Quero ver quem se atreve a questionar esta lista:

 

1. Albino Daniel

2. André Castro

3. André Rodrigues

4. Armando Teixeira

5. Bruno Coelho

6. Carlos Sá

7. Délio Ferreira

8. Diogo Fernandes

9. Gabriel Meira

10. Hélder Ferreira

11. Jérôme Rodrigues

12. Leonardo Diogo

13. Luís Duarte

14. Luís Fernandes

15. Luís Mota

16. Luís Semedo

17. Manuel Faria

18. Marcolino Veríssimo

19. Nelson Graça

20. Nuno Silva

21. Paulo Lopes

22. Pedro Marques

23. Pedro Rodrigues

24. Ricardo Silva

25. Romeu Gouveia

26. Rui Luz

27. Rui Pacheco

28. Rui Seixo

29. Telmo Veloso

30. Vítor Cordeiro

4 comentários

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    De Pedro Caprichoso a 02.12.2015 às 14:54

    O Trail é um desporto muito recente, e o nível geral dos atletas de Trail ainda estão alguns furos abaixo dos atletas de pista / estrada. No entanto, penso que é sempre errado tentar comparar as duas coisas. É quase o mesmo que comparar ténis com ténis de mesa. Não se pode, por exemplo, esperar que um bom atleta de Trail faça marcas em estrada / pista semelhantes aos melhores atletas de estrada / pista. Isso nunca vai acontecer. São coisas diferentes. Um bom atleta de estrada não pode ser tão leve como um atleta de estrada, por exemplo. O Trail carece de mais potência muscular para vencer o desnível. Enfim... isto é como tudo. Além de que o Trail nas distâncias mais longas não passa apenas pela capacidade física, mas também pela gestão do esforço e da alimentação em prova. Há mais factores em jogo. É um pouco como a discussão que se assistia aqui há uns tempos com o ciclismo de estrada e o BTT.

    Dito isto, hoje em dia, em termos meramente desportivos, é evidente que não se pode comparar um atleta olímpico das distâncias clássicas do atletismo com os nossos melhores atletas de Trail. Lá esta: porque o Trail é ainda um desporto muito recente. Ainda nem sequer há métodos de treino minimamente estabelecidos. A maior parte de nós treina-se a si próprio e, em Portugal, neste momento, ainda é um desporto totalmente amador.
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    De João Junqueira a 03.12.2015 às 14:03

    Obrigado pela amabilidade da sua resposta.
    Devo dizer que concordo consigo, no entanto a notoriedade que se dá ao Trail só acontece porque o Setor de fundo e meio fundo do Atletismo portugûes desapareceu. Não há nenhum atleta Português que entre nos 200 melhores do mundo. Não se pode comparar a Final da Liga dos Campeões com a Final do Campeonato Regional da Associação de Futebol de Vila Real. No entanto ambas são finais.
    No futebol as pessoas entendem, nas outras modalidades por iliteracia desportiva não entendem.
    Com os melhores cumprimentos
    João Junqueira
  • Imagem de perfil

    De Pedro Caprichoso a 03.12.2015 às 14:34

    Sem dúvida nenhuma. Tenho 35 anos e ainda sou do tempo em que vibrava com as performances do António Pinto na Maratona de Londres. Ainda tenho as suas vitórias gravadas em VHS.
    A verdade é como diz: depois do António Pinto na estrada e do Rui Silva na pista, o fundo e meio-fundo desapareceu. Esperemos que melhore.
    Falta estratégia a longo-prazo. Os campeões não se criam de um dia para o outro. Levam décadas. O problema é que o público e a nossa classe dirigente não percebe isso. É triste.
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