TRAILER LOVE
[Peço desculpa a todos os apaixonados por reboques (“trailers” em inglês) que chegaram a este texto através do Google. Embora seja um tipo de amor que eu aprecio particularmente, este texto não é sobre o amor aos reboques.]
Um dos erros mais comuns cometidos pelos Trailers é deixarem-se apaixonar por um Trailer. Um Trailer deve evitar a todo o custo apaixonar-se por outro Trailer. Não vai resultar. Metam isso na cabeça.
É fácil de perceber as razões que fazem do Trail um desporto propício ao amor. As calças de lycra justas, os rabos salientes, os tops convidativos, o ar da serra e a libertação de dopamina associada ao exercício são o combustível que faz acender o fogo da paixão. Há que por isso saber resistir à tentação.
Isso de um casal ter interesses em comum é treta. É bonito na teoria, mas na prática não funciona. Não funciona porque é suposto o Trail servir para libertar o stress, esquecermos os nossos problemas e estarmos connosco próprios. E como podemos nós fazer isso com a nossa mulher a azucrinarmo-nos a cabeça?
– Não levas Mochila de Hidratação? – pergunta ela.
– Para quê? Vamos só fazer 10km – responde ele.
– Para quê? E se te der vontade de aliviar a tripa? Onde é que levas o papel higiénico?
– Não levo. Não preciso. As folhas de eucalipto servem para o efeito.
– A sério? Folhas de eucalipto?
– Para limpar o rabo são top! Para além da capacidade de absorção, deixam “aquele” cheirinho.
– Faz como quiseres, mas se depois quiseres papel higiénico não mo peças a mim.
E assim, num piscar de olhos, antes mesmo de começar, já temos o treino estragado.