A pedido de uma multidão de fãs, transcrevo em baixo a entrevista ao TopMáquina no final do Poiares Trail.
José Guilherme Féteira [FT] – Temos agora aqui connosco o grande, o superlativo, o estratosférico TopMáquina – o melhor atleta barra blogger do planeta terra e arredores. Uma grande salva de palmas para o TopMáquina, por favor…
O público levanta-se e bate palmas, de pé, durante 15 minutos.
TopMáquina [TM] – Pronto, já chega… Parem com isso! Estou com dor de cabeça.
O público continua a bater palmas.
TM – Se não param de bater palmas, vou-me já embora e já não há sessão de autógrafos para ninguém.
O público fica mudo. Só se houve uma criança, ao longe, a chorar.
FT – Pronto, está tudo bem. Eles já se calaram.
TM – Até que enfim…
FT – É uma honra ter-te aqui connosco.
TM – Acredito que sim.
Neste momento, uma fã despe-se, fica com as maminhas ao léu – nas quais se pode ler: «Casa comigo» – e atira-se aos pés do TopMáquina.
TM – Ui, que nojo! Tirem-me esta criatura histérica daqui. Já!
FT – Socorro! Segurança!
TM – A segurança não vai ser precisa.
O TopMáquina começa então a desatacar as sapatilhas e dá-as à criatura. Por isso o TopMáquina aparece descalço na foto acima publicada. Visivelmente mais calma, com as sapatilhas apertadas entre as mãos e as maminhas, a criatura regressa calmamente para junto do público. Perante este gesto, o público irrompe numa nova ovação ao TopMáquina.
FT – Calem-se! – grita o speaker. – Não ouviram o homem? Ele está com dor de cabeça.
TM – Obrigado.
FT – Só confirmaste a tua presença ontem e nós estivemos “vai não vai” para cancelar a prova, pois sem a tua presença nada disto faria sentido. Felizmente, decidiste aceitar o nosso convite. O que te fez vir correr a Poiares?
TM – O cachet.
FT – Mais alguma coisa?
TM – Sim, foi o cachet e o facto desta ter sido uma oportunidade de ouro para ganhar ao Pedro Rodrigues.
FT – Como assim?
TM – Bem, o Pedro tinha feito o UTSM na semana passada e ia correr com uma unha a cair de podre. E eu sabia que só assim lhe conseguiria ganhar.
FT – E ganhaste-lhe.
TM – Pois ganhei.
FT – Como foi correr com ele?
TM – Não sei. Eu ultrapassei-o nos primeiros 10km e nunca mais o vi. Ele ainda me pediu para eu esperar por ele, para trabalharmos em equipa, mas eu mandei-o à fava.
FT – Porquê?
TM – Olha... porque queria ganhar-lhe, como disse anteriormente. Ó José, desculpa lá, mas tu hoje estás um bocadinho lento. Não estás?
FT – Tem toda a razão, Senhor TopMáquina. Eu hoje estou, de facto, um bocadinho lento.
TM – Um bocadinho é favor.
FT – Ontem estive nos copos com o Luís Semedo até às 4 da manhã e deu nisto.
TM – Pois... Mas, ao contrário de ti, o Luís não está lento. Até está rápido demais para o meu gosto, já que ele ganhou a prova e tudo. Deu-nos um bigode.
FT – Teres ficado à frente do Pedro Rodrigues é, portanto, um dos maiores feitos da tua carreira?
TM – Sem dúvida. Isso e ter terminado o UTAX 2014 após 8 horas de diarreia ininterrupta.
FT – Incrível. São dois feitos incríveis, de facto.
TM – Sim. Sem dúvida.
FT – Quanto ao percurso, o que achaste?
TM – Estou farto desta entrevista. Vou-me embora. Tenho o meu motorista à espera. Fui.
O Poiares Trail tinha tudo para correr mal: a organização não me inspirava grande confiança, estava um calor de rachar e tinha enfardado meio quilo de cerejas ‘de beira-de-estrada’ na véspera da prova – o que fez com que tivesse de parar 5 vezes durante a viagem para “arrear o calhau”. Surpreendentemente, foi um evento 6 estrelas!
A organização do Poiares Trail convidou 2 Padrinhos: um homem (Jorge Martins) e uma mulher (Carmen Pires). Se os tipos do Viana Trail tivessem atendido os meus pedidos, também eu teria tido uma Madrinha na Taça Ibérica de Trail. Mas não: decidiram antes deixar-me sozinho e gastar o dinheiro todo em fitas, brindes e abastecimentos. Viana-Trail, ponham os olhos no Poiares Trail!
Embora o nosso enviado especial à capital da chanfana tenha subido ao pódio enquanto 3.º classificado do escalão SM, este mostrou-se extremamente desagradado com o troféu que lhe foi atribuído. Os troféus do Poiares Trail 2015 têm a forma de um animal com o focinho de bode (pois tem barbicha) e corpo de cabra (pois tem tetas). Ou seja, trata-se de um caprino transexual – e nós aqui no TopMáquina não gostamos dessas modernices. Ou bem que era uma cabra; ou bem que era um bode. Assim não.
No escalão feminino, Patrícia Carreira apresentou, em exclusivo mundial, uma nova técnica de descida intitulada "O Cristo-Rei". Em declarações no final da prova, a vencedora do Poiares Trail admitiu que esta técnica tem vindo a ser desenvolvida em segredo com o seu treinador André Rodrigues – um dos maiores especialistas mundiais a descer.
Pedro Rodrigues, o outro pupilo de André Rodrigues, correu com uma unha a cair de podre – danos colaterais do UTSM, que o atleta da Lousã terminou num brilhante 6.º lugar. Em conversa telefónica com o atleta, este confirmou à redacção do TopMáquina que a unha foi-lhe arrancada hoje de manhã, a sangue-frio, por um ferreiro da zona. Em baixo podem ver a reacção de nojo do público de Portalegre ao verem a unha do Pedro:
Não sendo uma novidade no universo do Trail Nacional, não podemos deixar de fazer referência aos cartazes colocados ao longo da prova. Alguns serviam de motivação, outros para induzir a gargalhada e, um em particular, para gozar com a cara do fundador deste blog.
Segundo reza a história, Luís Semedo, o vencedor da prova principal do Poiares Trail, apanhou uma piela de proporções bíblicas na noite anterior à prova. Tal significa que a organização falhou redondamente por não tê-lo submetido a um teste anti-doping – de maneira a medir o teor de cevada no sangue com que este se apresentou à partida. Relembramos que, na semana passada, a Agência Portuguesa de Anti-Dopagem adicionou a cevada à lista de substâncias dopantes. Eis o Luís a recuperar da ressaca (da prova):
Por fim, quanto aos meios de socorro, nada a apontar. Não faltaram bombeiros e pessoal da organização nas partes mais perigosas do percurso, incluindo nadadores salvadores (na passagem por linhas de água) com o equipamento de salvamento adequado para o efeito.
A julgar pela forma como o Zé-Povinho—Atleta acelera o passo quando pressente que alguém o está a filmar, proponho que para o ano atafulhem o percurso do MIUT com câmaras GoPro.
Vemos o Zé a arrastar-se, quase a morrer, tipo Zombie… e, de repente, assim que avista uma câmara, é vê-lo colar um sorriso rasgado (numa cara outrora desfigurada pelo cansaço) e desatar a correr como se não houvesse amanhã. Mas só até ficar fora do alcance das câmaras.
Fora do alcance das câmaras, é vê-lo parado, com as mãos nos joelhos e os bofes de fora. Isto não aconteceria se o percurso estivesse coberto por câmaras, uma vez que o Zé seria forçado a correr para não ficar mal na fotografia.
Proponho, portanto, uma câmara GoPro a cada 500 metros. Penso que assim conseguir-se-ia facilmente baixar das 12horas no MIUT.
Passe a modéstia, esta ideia é simplesmente brilhante.
Após a bombástica vitória no UTSM, com o tempo canhão de 9h55, Ricardo Silva anunciou ontem a sua próxima prova por etapas.
Ladeado por representantes do ACP e WRC, o actual campeão nacional de Trail informou a comunicação social de que aceitou ser o piloto de reconhecimento das especiais do Rally de Portugal que se disputarão, na próxima sexta-feira, entre Ponte de Lima, Caminha e Viana do Castelo. A conferência de imprensa realizou-se na Exponor, onde está sediado o Rally, que arranca na próxima quinta-feira com a super-especial de Lousada.
O papel de piloto de reconhecimento é importantíssimo no Rally, já que este é o responsável por verificar o estado dos troços antes da passagem dos carros. A novidade é que o Ricardo Silva fará as especiais, não de carro, mas a correr. Segundo o Presidente do WRC, “esta é uma medida experimental que se enquadra na nova Política Ambiental da FIA com vista a reduzir a pegada ecológica do Deporto Automóvel.”
Uma vez que as referidas especiais serão disputadas em plena Serra D’Arga e Monte de Santa Luzia, o ACP ponderou inicialmente convidar o André Rodrigues – vencedor das últimas 2 edições do Grande Trail Serra D’Arga – para piloto de reconhecimento. Acontece que o André lesionou-se com gravidade em Zegama e a Organização teve de recorrer aos serviços do Ricardo, que se mostrou confiante de que esta será uma boa experiência:
“Uma coisa é certa: terei muito mais público a assistir à minha passagem do que nas provas de Trail. A minha única preocupação reside no facto de que terei de usar um pirilampo na cabeça. Estou habituado a correr com frontal, mas nunca corri com um pirilampo na cabeça.”
Agora percebe-se a razão porque o Ricardo fez os últimos 10km do UTSM com um pirilampo na cabeça.
Estagiária de Auxiliar de Acção Médica/Geriatria/Enfermagem (f)
País: Portugal – Portalegre
Categoria(s): Higiene / Saúde
Intervalo salarial: Zero – Nada.
Descrição da Empresa
O Atletismo Clube de Portalegre organizará, no próximo dia 16-02-2015, o UTSM – Ultra Trail Serra de São Mamede. A nossa equipa é constituída por um grupo de consultores especializados nas variadas áreas do Atletismo, com especial enfoque em organizações de matriz competitiva. Desenvolvemos estratégias e soluções com um único objectivo: a criação de valor acrescentado para os atletas.”
Detalhe da Função
Estamos actualmente a recrutar para o UTSM uma Estagiária de Auxiliar de Acção Médica/Geriatria/Enfermagem (f).
Responsabilidades e Tarefas:
Fornecer cuidados, apoio e tratamento (higiene pessoal, alimentação, vestir, mobilidade física, comunicação, toma de medicamentos, etc.) aos atletas finishers do UTSM (100km);
Transportar os atletas empenados em cadeiras de rodas ou macas;
Manter normas de higiene pré e pós-competição: untar os atletas com creme antifricção, limpar-lhes o rabinho, estourar-lhes as bolhas, ajudá-los a fazer xixi e cocó;
Fornecer massagens, beijinhos, cafuné e outras medidas não farmacológicas de alívio da dor;
Observar condições, respostas e comportamentos dos atletas e reportar alterações ao Delegado de Saúde da ATRP.
Perfil:
Bons conhecimentos de inglês, mirandês e calão do Trail;
Carta de condução de cadeiras de rodas;
Dinamismo, espírito de equipa e sex appeal;
Boa capacidade de comunicação oral, gestual e sexual;
Experiência e/ou formação na área da pediatria com vista a lidar com os atletas “bebés chorões”.
Oferece-se:
Formação descontínua financiada pela própria;
Contrato de Estágio Profissional apalavrado;
Remuneração à base de beijinhos e xi-corações;
Candidatas com perfil deverão enviar CV com foto em tronco nu.
No passado Domingo, por volta das 6h da manhã, fiz amor apaixonado com um moçambicano de 120kg. Duas horas depois estava a participar, em Vila Nova de Cerveira, na Taça Ibérica de Trail. Com o carimbo dos maluquinhos do EDV-Viana Trail, o evento ultrapassou todas as expectativas. Sabíamos de antemão que seria bué bom, mas ninguém pensou que fosse tão bué bom. A melhor forma de descrever a Taça Ibérica é a seguinte: foi uma pândega envolta num forrobodó, acompanhada por uma suruba com uma cereja no topo.
Começando pela vertente competitiva, o nosso enviado especial a Cerveira alcançou um estratosférico 2.º lugar à Geral. Uma vez que a prova se intitulava Taça Ibérica de Trail, tal significa que Pedro Caprichoso é hoje considerado pela imprensa especializada como o segundo melhor atleta de Trail da Península Ibérica. Se os Espanhóis Kilian Jornet e Luís Hernando não estiveram em Cerveira, isso é lá com eles. Não quero saber. Azar!
Tendo em conta a presença esmagadora de atletas espanhóis nos 50km, posso afirmar que aprendi mais palavras em Castelhano durante a primeira contagem de montanha do dia (com 450D+) do que em toda a minha adolescência vendo o Canal Íntimo. Eis algumas das bonitas expressões que irei utilizar a partir de hoje sempre que me deslocar ao país vizinho:
- Estoy hasta los cojones (Estou farto);
- Que coño (Que raio/que chatice/que merda);
- Me cago en la leche (Puta que o pariu);
- A tomar por culo (Ir para a puta que o pariu);
- Que putada (Que chatice);
- No jodas! (Não brinques/não acredito);
- Que coñazo (Que chatice/que gaita);
- Que hijo(a) de puta!
- Eso está de puta madre (Está bem/bom/óptimo);
- Está cojonudo (Está demais!);
- Cabrón(a) (Parvo, Sacana – não tem a denotação que tem em Portugal);
Nota: desconfio que o “Cabrón” era dirigido ao Director da Prova e Presidente do Viana Trail – o Sôtor Alcobia.
A Taça Ibérica é a única prova no mundo em que os voluntários são melhores atletas do que os atletas em competição. Imaginem o que é chegar a um abastecimento e levarmos com a nata do Viana-Trail. Sabem como é? É uma merda. Pois em vez de nos apoiarem, metem-nos abaixo. Dizem-nos que vamos estourar; que o homem da marreta está ao virar da esquina; e que há perigo de morte se não abastecermos convenientemente.
Na Taça Ibérica os campeões são atletas vassoura, dão-nos comida na boca, recolhem as fitas e lavam-nos as costas no duche – obrigado José Faria. Digam-me lá: em que outra prova vocês vêem um Campeão Nacional de Trail a recolher fitas?
[Ricardo Silva, Artur Matos e Amândio Freitas a recolher fitas]
Ainda querem mais razões para no próximo ano virem correr a Cerveira? Sim? Então aqui vão mais três:
1. Gajas Boas
Da mesma forma que existem as garotas da Fórmula 1 para abrilhantar o desporto automóvel, a Taça Ibérica tem as garotas mais sexys do Trail Nacional.
2. Contacto Com Verdadeiros Campeões.
A presença e simpatia dos campeões é outra das características que distinguem a Taça Ibérica das demais provas. Em baixo, por exemplo, temos o campeão Jérôme Rodrigues a dar conselhos a uma anónima do mundo das corridas.
3. Dá Gosto Ficar Em Último Lugar
Eis a recepção que teve o último classificado dos 50km. Para além da recepção, recebeu um beijinho de cada uma das garotas acima identificadas.
A não ser que o meu amante moçambicano me deixe e eu morra de desgosto, podem ter a certezinha absoluta de que para o ano estarei em Cerveira – seja a correr, a aplaudir ou a ajudar.