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TOP MÁQUINA

Eu faço Trail e sou uma Máquina. E isso é Top!

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Eu faço Trail e sou uma Máquina. E isso é Top!

Jesus também tinha uma pilinha

por Pedro Caprichoso, em 27.02.16

A maior crítica que me fazem é a de que estou sempre do lado do contra. Mentira. Nem sempre. É certo que amiúde nado contra a corrente, mas por vezes também sigo a carneirada. A foto abaixo publicada é exemplo disso mesmo. Muitos foram os carneiros praticantes de Trail Running que hoje publicaram uma foto na neve—e eu não podia faltar à chamada. Mais uma foto na neve e o facebook explode. Esta é a gota que faz transbordar o copo.

 

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Não censurei o meu "malaquias" porque tenho medo de ser acusado de atentado ao pudor. Censurei-o porque ele é mesmo muito pequinino—e mais pequinino ficou porque estava um frio de rachar. Ou melhor: um frio de encolher pilinhas. A tapar o meu “malaquias” está uma imagem de Jesus com a seguinte inscrição: “Jesus também tinha uma pilinha”.

 

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Uma foto na neve e uma observação sobre a polémica do cartaz do Bloco de Esquerda. Se isto não é seguir o rebanho…

Os Casalinhos do Trail Nacional

por Pedro Caprichoso, em 24.02.16

aqui escrevi que um dos erros mais comuns cometidos pelos praticantes de Trail Running é apaixonarem-se uns pelos outros. No entanto, pelos vistos, não valeu de nada. Andam-se todos a marimbar para os meus conselhos. Depois digam-me que eu não vos avisei. Depois venham pedir-me colinho. Ombro posso dar. Colinho nem pensar.

 

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Nunca como agora se viu tanto casal pelos montes do nosso Portugal e arredores. Antigamente viam-se alguns, mas esses não chegavam a sair das viaturas. Que praga! Tanto mel, tanto «fofinho», tanto “bebé», tanto «xuxu», tanto sorriso rasgado, tanta selfie a dois, tanta mão dada ao nascer-do-sol, tanto linguado ao pôr-do-sol, tanta declaração armada ao pingarelho, tanta jura de amor eterno. Como se o amor não lhes bastasse, ainda fazem questão de esfregar a sua felicidade na cara dos outros. Até metem nojo! Só pensam neles. Não pensam nos atletas que vivem na solidão e—cuidado que vem aí uma metáfora da construção civil—ainda não tiveram a sorte de encontrar a porca para a sua bucha.

 

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Não percebem que exibir a sua felicidade diminui a felicidade dos outros. Depilar as pernas da nossa cara-metade é muito bonito; fazer uma massagem de recuperação à nossa respectiva é muito bonito; passar creme antifricção no rabinho da nossa mais-do-que-tudo é muito bonito. Agora imaginem fazê-lo sozinho. É muito triste. Quando era solteiro, lembro-me de carpir enquanto passava vaselina nas virilhas. Não ter quem nos passe vaselina nas partes baixas é muito triste. Nisto ninguém pensa. A crise dos refugiados também é triste, mas não se compara.

 

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O Trail é um desporto propício ao amor: calções de lycra justinhos, rabos empinados, decotes convidativos, o ar da serra e a libertação de dopamina (associada ao exercício) são o combustível que faz acender o fogo da paixão. Há que, por isso, resistir à tentação. Por quê? Porque não vai funcionar. Metam isso na vossa cabeça: não vai funcionar. Falo por experiência própria: apaixonei-me loucamente pela Analice, mas a nossa relação foi de pouca dura. Eu queria fazer os Abutres; ela fez a Marathon des Sables. Eu depilo-me; ela prefere homens peludos. Eu queria que usássemos equipamentos a condizer; ela veste o que lhe apetece. Eu queria assentar; ela quer divertir-se. Até que passei o prazo de validade e ela trocou-me por um mais novo. Deu-me à troca.

 

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Dito isto, esta é mais uma daquelas situações em que se aplica a máxima: “Faz aquilo que te digo. Não faças aquilo que eu faço.” Pois parece que não aprendi a lição e já me meti noutra embrulhada:

 

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Atropelei um Carro

por Pedro Caprichoso, em 19.02.16

Há muito tempo que não ficava tanto tempo sem correr. Da última vez que me lesionei ainda corria de t-shirt de algodão, relógio Casio e pêlos nas pernas. Corria o ano de 2001. A bem dizer não foi lesão. Foi desgosto amoroso. Apaixonei-me por uma fisioterapeuta estrábica, roubei-lhe um beijo e ela partiu-me o coração—e coração partido não configura lesão. A catraia não gostou do beijo e tencionava partir-me os cornos. Acabou por partir-me apenas o coração. Por sorte era estrábica. Apontou para a cabeça e acertou-me no coração. Do mal o menos.

 

Já passaram duas semanas e a clavícula ainda me doí. Esta, sim, uma lesão a sério. Também quem é que me mandou atropelar um carro? Estava a pedi-las. Mesmo. A vítima deslocava-se num veículo automóvel e eu—o culpado—fazia-me transportar num veículo de duas rodas desprovido de tracção motorizada—vulgo bicicleta. Eu ia de cima para baixo. Ele vinha de baixo para cima. Eu pretendia seguir em frente. Ele virou à esquerda, invadiu a minha via de trânsito, atravessou-se à minha frente, travou quando me viu e eu ainda tive a desfaçatez de ir contra ele. Minha culpa. Minha tão grande culpa.

 

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[créditos: Duarte Nuno Oliveira-Zahir]

 

O estimado leitor está neste momento a questionar os seus conhecimentos do código da estrada. Não esteja. Lamento confundi-lo. Não é essa a minha intenção. A prioridade era minha? Era. Nada porém justifica ter-me amandado para cima da viatura. Não havia necessidade. Popó a cheirar a novo, acabado de sair do stand, branco como a neve—e eu vou e risco-lhe a pintura? Não está certo. Faltaram-me os reflexos. Nem travar consegui. Devia ter guinado para a direita, evitado a viatura e embatido no muro contiguo à estrada. Antes o muro que o carro. Podia não estar agora aqui a contar a história, mas ao menos não estaria com peso na consciência. Morto não tem consciência. Mas não morri. Ao invés de falecer, fui projectado 3 metros a 40km/h por cima do capô da viatura, fiz um mortal à frente, dei finalmente uso ao capacete, beijei o chão com a clavícula direita e fui arrastado 4 metros sobre alcatrão fofinho. Culpa da velocidade cinética em conluio com a gravidade. Resultado: fractura da clavícula, costas pisadas e o rabinho assado.

 

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Embora não o tenha verbalizado, o condutor estava visivelmente aborrecido com o meu comportamento. Onde é que já se viu? Um tipo deslocando-se de carro para o trabalho e, vindo do nada, aparece-lhe um ciclista para riscar a pintura da sua nova viatura? No lugar dele ficaria pior que fodido. Daí que logo lhe tenha pedido desculpas. Ele aceitou-as e depressa se acalmou. Foi ele, aliás, que ainda me fez o favor de chamar a ambulância. Disse-lhe que não era preciso; que não tinha partido os braços; que conseguia alcançar o bolso do telemóvel. Mas ele insistiu. Santo homem.

Análise dos Resultados dos Melhores da Corrida 2015

por Pedro Caprichoso, em 09.02.16

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Os resultados de 12 das 13 categorias (da votação promovida pelo blogue Correr na Cidade) não me chocam. Alteraria a ordem dos pódios em algumas categorias, mas não me chocam. Parecem-me surpreendentemente aceitáveis. No entanto, no melhor pano cai a nódoa—e a última categoria estraga tudo.

 

David Quelhas (votação do público) e Armando Teixeira (votação do júri) foram considerados os melhores atletas nacionais masculinos. A sério? Mas vocês estão a brincar comigo? Não é comigo: vocês estão é a brincar com a tropa! Só pode. Melhores atletas de Trail? Tudo bem. Não digo que não. Seria discutível, mas não me chocaria. Agora, melhores atletas nacionais? Nacionais?

 

Deixem-me ver se eu percebi bem: vocês estão-me a dizer que atletas de uma modalidade amadora são melhores atletas do que atletas profissionais de atletismo? Em que planeta? Lembro-vos que alguns destes atletas são atletas olímpicos. Lembro-vos que um deles é campeão olímpico—o mesmo que no ano passado fez bronze no Campeonato do Mundo de Atletismo. Estamos a falar de um Campeão Olímpico, por amor do Santíssimo!

 

Comigo os hipócritas não fazem farinha, por isso tenham lá calma antes de me crucificarem na praça pública. Para evitar eventuais equívocos, quero deixar bem claro que eu não estou a desvalorizar em nada o valor do Armando e do Quelhas—dois dos atletas que mais admiro no Trail Nacional. Acontece que estamos a comparar coisas que não são comparáveis. Estamos a comparar atletas amadores de Trail— uma modalidade que está a dar os primeiros passos—com atletas profissionais de Atletismo—cujo nível competitivo é infinitamente superior ao do Trail. A nível nacional, seria o mesmo que comparar jogadores de futebol da Primeira Liga com jogadores de Futebol de Praia.

 

Digo mais: neste momento, em Portugal, tirando uma ou duas excepções, qualquer atleta profissional de atletismo é, em termos comparativos, melhor atleta do que qualquer atleta de Trail. Quem não perceber isto, não percebe nada de desporto. Os actuais praticantes de Trail parecem esquecer-se de que são os pioneiros da modalidade. Daqui a 20 anos, segundo a lei da evolução, os atletas de Trail serão infinitamente melhores do que os atletas actuais. Voltem a fazer esta votação em 2036 e, talvez, nessa altura, haja um atleta de Trail melhor do que um atleta profissional de Atletismo. Talvez.

 

Estou-me positivamente a cagar para a votação do público. O público vota por afinidade e isso deturpa os resultados. Agora, o júri? O que vos deu? Aceitaram algum suborno da ATRP? Só pode. Conheço alguns dos elementos do júri, mas tenho de perguntar isto na mesma: vocês percebem alguma coisa da poda?

 

É evidente que deveriam ter sido criadas duas subcategorias dentro da categoria de melhor atleta: uma para o Trail e outra para o Atletismo (Pista / Estrada). Fizeram-no com as outras categorias e não se percebe por que não o fizeram com esta. Vá lá que a Sara Moreira foi eleita a melhor atleta feminina. Do mal o menos.

Os Verdadeiros Vencedores da Corrida no Monte

por Pedro Caprichoso, em 09.02.16

Um dia depois do blogue Correr na Cidade ter divulgado os resultados d'Os Melhores da Corrida 2015, o TopMáquina ficou com ciúmes e deliberou, em reunião de conselho de administração, divulgar os resultados da votação por nós promovida no passado dia 23 de Janeiro.

 

Embora o universo de respostas da nossa votação seja inferior (270) ao da votação promovida pelo Correr na Cidade (751), é incontestável que os nossos dados são mais fiáveis. Isto explica-se pelo facto de que os nossos leitores têm, em média, um QI superior ao dos leitores do Correr na Cidade.

 

Parabéns aos vencedores. Ei-los:

 

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The Dream Team

por Pedro Caprichoso, em 06.02.16

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A EDV-Viana Trail (VT) não é melhor do que as outras equipas. Seria demagógico afirmar o contrário. Seria como afirmar que Portugal é o melhor país do mundo sem de ele nunca ter saído. Pior do que demagógico, seria ignorante. Não conheço por dentro as outras equipas e, como diz o povo, é feio meter a pilinha em penico alheio. Não obstante, se as outras equipas forem a soma dos seus membros, posso apenas inferir que equipas espectaculares é coisa que não falta no Trail Nacional. De gente boa está o Trail cheio.

 

Também nós somos espectaculares. Mais do que espectaculares, somos fofinhos. A melhor forma de nos definirmos é a seguinte: somos espectaculares, bué fofinhos e dotados de identidade guerreira. Não nos subestimem. Não cometam esse erro. Se fôssemos um animal, teríamos corpo de panda e temperamento de rinoceronte.

 

Não há equipa como a nossa. Por quê? Pela simples razão de que somos únicos. Não somos melhores. Somos diferentes. Os atletas do VT não existem fora do VT. Não é metafísica. É a opinião de quem está presentemente e fortemente sob o efeito de analgésicos.

 

Não somos clonáveis. Não andamos a reboque dos outros. Antes abrimos o nosso próprio caminho. Por vezes à catanada. Somos um grupo aberto. Somos de e para todos. Uns correm mais, outros correm menos e todos correm o que podem. A corrida é o instrumento, a amizade a fita-cola e o anti-vedetismo o ingrediente secreto. O VT "é um estado de espírito", como diz o nosso Presidente.

 

 

Moral da história: não corram sozinhos. Juntem-se a uma equipa. O resto é papo-furado.

Rescaldo dos Abutres 2016

por Pedro Caprichoso, em 04.02.16

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Tirando aquela vez em que dei o rabinho ao vigário da minha paróquia, estes foram os 500 paus que menos me custaram ganhar até hoje. Com cachês destes vou deixar de trabalhar. Gosto muito de dar o rabinho, mas prefiro ganhar dinheiro abrindo a boca de outra forma. Abri a boca 5 vezes, 4 das quais para bocejar. Não que a tertúlia não estivesse a ser interessante. Estava. Eu é que estava morto de sono. Havia passado a noite anterior a dar o rabinho. Já vos disse que dou o rabinho? Não é sempre. Só de vez em quando: quando tenho o saldo bancário negativo e preciso de sapatilhas novas. Prometo que não falo mais do meu rabinho neste parágrafo.

 

 

Viram como eu cumpro as minhas promessas? Cumprida a promessa, voltemos ao rabinho. Desta feita não ao meu. Vamos antes focar-nos no rabinho do Sérgio Duarte. O rabinho do Sérgio—mais conhecido como o tipo das Barras Olimpo—fez deflagrar uma bomba de metano a escassos minutos do tiro de partida dos Trilhos dos Abutres. Instantes após a explosão, formou-se uma cratera à volta do Sr. Olimpo—e este foi avançando pelotão acima de maneira a partir à frente do mesmo. Não estou a insinuar. Estou a afirmar, enquanto perito em flatulência, que o traque foi premeditado. O tipo peidou-se intencionalmente para partir melhor posicionado. Estão a ver aquela passagem da bíblia em que Moisés abre o Mar Vermelho para possibilitar a travessia dos filhos de Israel? É a mesma coisa.

 

Era ver o pessoal a tirar os buffs da cabeça e a colocá-los à frente da boca; um atleta asmático, que se encontrava no epicentro do rebentamento, viu-se forçado a sacar do inalador; um espanhol, que se encontrava ao lado do Paulo César, teve um ataque de pânico ao julgar que estávamos a ser alvo de um ataque químico perpetrado pelo Estado Islâmico; e eu, que me encontrava atrás do Sérgio a atacar as sapatilhas, fiquei com as sobrancelhas chamuscadas. Já me perguntaram se ando a fazer quimioterapia.

 

Posto isto, impõe-se a pergunta: que raio têm as Barras Olimpo para produzirem tamanha devastação?

 

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Passei a noite de Sexta para Sábado no Centro de Trail de Miranda do Corvo e não dormi nada. Estava lá um tipo que ressonava como um tractor e não preguei olho. Se soubesse teria ficado com os meus colegas de equipa no solo duro. Poderia acordar com dores nas costas, mas ao menos teria descansado. Além de que o ambiente era mais aconchegante, como se pode verificar pela foto abaixo publicada. Agora percebo por que lhe chamam “solo duro”. Ênfase no duro.

 

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Ai se vocês soubessem o quanto eu gosto daqueles tipos que dizem mal das Organizações durante as provas—e, depois, quando chegam a casa, vão para as redes sociais anunciar que, neste caso, os Trilhos dos Abutres são mágicos, deslumbrantes, a life changing experience e o raio que o parta. Só para informar que me cruzei com meia dúzia destes espécimes. O que durante a prova eram trilhos com lama a mais, depois da prova transformaram-se em trilhos pesados; o que durante a prova eram trilhos que punham em perigo a vida dos atletas, depois da prova transformaram-se em trilhos desafiantes; o que durante a prova eram trilhos para caminheiros, depois da prova transformaram-se em trilhos para duros. A estes aconselho adquirirem um fazedor de coerência. Este electrodoméstico está em promoção no Lidl. Aproveitem.

 

Os atletas são unanimes ao reconhecerem que a Organização dos Abutres esteve ao mais alto nível, nomeadamente ao nível das marcações. Das marcações ninguém se pode queixar. Estavam perfeitas. De uma fita via-se a fita seguinte; e o sentido errado, nos cruzamentos mais duvidosos, encontrava-se devidamente barrado. Estavam tão, mas tão boas, que nem se notou o facto de serem brancas. Por outro lado, a presença de gajas boas na prova curta (25k) é o único aspecto negativo que aponto à Organização. Não é a união de provas que me incomoda. Pode haver união; o que não pode haver é gajas boas a disputar a prova curta. Eu gordos ultrapasso bem: passo-lhes uma rasteira. O problema são as gajas boas. Um gajo distrai-se quando seguimos atrás delas naqueles single-tracks apertadinhos: estamos constantemente a tropeçar, roçamo-nos nelas sem querer e quedamo-nos junto delas mais tempo do que o necessário. Contei 22 gajas boas e, junto a cada uma, perdi cerca de 3 minutos. Percebem agora por que fiquei a mais de 1h do primeiro?

 

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Os Abutres são uma prova de Trail. No entanto, por vezes, dada a quantidade de linhas de água, parecem uma prova de natação; por vezes, dado o piso escorregadio, parecem uma prova de ski; e, a determinado momento, a edição deste ano assemelhou-se, inclusive, a uma partida de bowling. Na descida assistida por corda antes do abastecimento de Nossa Senhora da Piedade (29k), um pedregulho do tamanho de uma melancia soltou-se e desatou a rebolar encosta abaixo. Não fosse o aviso de um colega de equipa e a Fernanda Verde teria sido abalroada pelo calhau como se de um pino se tratasse. Por sorte estava um cavalheiro nas imediações. O José Feiteira fez-se homem, pegou na pedra e carregou-a até à base da descida. Partiram o molde quando fizeram o José. Um senhor.

 

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Os Trilhos dos Abutres são sinónimo de dureza. Tal dureza ficou bem demostrada este ano, não tanto pelo perfil ou altimetria, mas antes pelo facto de muitos atletas terem alucinado durante a prova: uns afirmam que viram um casal de javalis a acasalar; outros juram a pés juntos que se cruzaram com um veado; e até há um que diz que foi mordido por um cão. A meu ver, o que aconteceu foi: pensam que viram javalis, mas na verdade eram dois atletas do Arrábida Trail Team a fazerem miminhos um ao outro; pensam que se cruzaram com um veado, mas na realidade tratava-se de uma Gazela—a tal que ficou em 8.º lugar da geral; e o Délio foi mordido por um cão d’avenida com hipoglicemia, como é evidente.

 

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As cãibras não quiseram faltar à festa e marcaram presença em força nos Abutres 2016. Muitos foram os atletas que se queixaram delas no fim da prova. Uns tiveram-nas a subir, outros tiveram-nas a descer e até houve um desgraçado que as teve nos tomates. Perguntem ao Jorge que ele conta-vos os pormenores. Ainda na zona da genitália, o que dizer do homem com o maior badalo dos Abutres? Chama-se Romeu Gouveia, tem 12 anos e já lhe dá no badalo como gente grande. É de jovens atletas apaixonados pela modalidade que o Trail precisa. Mandem vir mais 3 paletes e 5 resmas de Romeus, sff. Farto-me de dizê-lo e volto a repeti-lo: mais malucos do que os malucos que correm no monte, são os malucos que vão para o monte ver outros malucos correr.

 

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O trio constituído por Ricardo Silva, André Rodrigues e David Quelhas dominou os primeiros 2/3 da prova, altura  (37k) em que o último decidiu atacar rumo à aldeia de Gondramaz. O atleta da equipa Coimbra Trail Running arriscou tudo na descida e seguiu isolado até à meta, deixando a luta em aberto pelo segundo lugar. No entanto, num bonito gesto de desportivismo, Ricardo e André decidiram cortar a meta juntos. Uma vez que seguiam juntos à entrada dos últimos 2km, não faria sentido resolver no alcatrão o que não ficou resolvido nos trilhos. E ainda andam por aí uns iluminados que dizem que o Trail já não é o que era. Façam-me um favor: ide dar banho ao cão.

 

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Tendo em conta a diferença de 10 minutos entre o primeiro e os segundos classificados, poder-se-á supor que o David ganhou com facilidade. É falso. Foi tudo menos fácil. Os seus joelhos ensanguentados contam outra história: a história de uma descida estabanada. É certo que o rapaz tem tomates de aço e o lastro fá-lo ganhar velocidade, mas não subestimem a sua técnica. Esta tem de ser apuradíssima. De outra forma, estaríamos no próximo Sábado a celebrar a sua missa de sétimo dia. Seja como for, certo é que o David teve ainda tempo de fazer 20 pull-ups. Testemunhas na meta afirmam que ele justificou o exercício pelo facto de usar aqueles trilhos como circuito de manutenção e que, por instantes, se esqueceu de que estava em prova.

 

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A EDV-Viana Trail foi a grande vencedora colectiva dos Trilhos dos Abutres 2016. A meio da prova, no entanto, para surpresa de todos, era a equipa da Satecnosol que liderava com 3 atletas posicionados entre o primeiro (Ricardo Silva) e os restantes atletas da equipa de Viana do Castelo. Atacando a prova desde o início, os amarelos da Satecnosol perderam gás na segunda metade e caíram para o segundo lugar. Nada que porém desvalorize aquilo que todos consideraram um resultado brilhante. Em terra de veados, o Gazela foi um dos que mais correu.

 

O nome “Satecnosol” deriva do apelido “Sá”, do diminutivo “tec” e do detergente “Sonasol”. “Sá” porque José Sá é o Presidente/Director-Desportivo/Atleta da equipa com sede em Paredes; “tec” porque o seu equipamento vem artilhado com tecnologia de ponta; e “Sonasol” porque esse é o ingrediente secreto que os seus atletas colocam no isotónico. É um nome com pedigree, embora um tanto ou quanto fleumático. Vai daí sugeri ao Sá que mudassem o nome para “Bandido Trail Running Fucking Team”. Tudo indica que ele fez ouvidos moucos da minha brilhante sugestão.

 

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A nota negativa desta edição dos Trilhos dos Abutres vai para a equipa Dr. Merino/Nutrifit. Não estou a falar da sua performance desportiva, que foi excelente. Não estou a falar do seu fair-play, que foi admirável. Estou antes a falar da forma como os homens da aludida equipa tratam as suas mulheres. Sabem o que os marmanjos fizeram? Terminaram a prova, foram ao banho, não esperaram pelas meninas, fugiram com a chave da viatura da equipa e deixaram-nas ao frio. Aliás, este parágrafo está a ser escrito a pedido das manas Vieira. Parece-me pois evidente que já não há cavalheiros em Paredes. Em nome da EDV-Viana Trail, venho nesse sentido demonstrar a nossa disponibilidade em acolher as manas Vieiras e restante contingente feminino da Dr. Merino/Nutrifit. Meninas, peçam recomendações à Fernanda Verde e releiam o episódio do pedregulho acima descrito. Nós tomamos conta das nossas mulheres.

 

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Por fim, suplico-vos: não corram sozinhos. Juntem-se a uma equipa. O resto é papo-furado.

 

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