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TOP MÁQUINA

Eu faço Trail e sou uma Máquina. E isso é Top!

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Eu faço Trail e sou uma Máquina. E isso é Top!

BALANÇO 2015

por Pedro Caprichoso, em 10.12.15

2015_16.jpgFoi um ano para esquecer. Pior era impossível. Faço um balanço muito negativo do ano que está prestes a terminar. O facebook está constantemente a dizer-me que «não há impossíveis» e que «para ganhar basta acreditar». Pois bem, eu acreditei, nunca desisti, evitei as provas com mais concorrência e caguei-me no facebook com todas as forças que tinha. E o que é que eu ganhei? Eu digo-vos: nada.

 

Ao contrário de outros, que andam nisto pelo convívio e contacto com a natureza, eu ando no Trail para ganhar. Estou-me a cagar para a superação pessoal. O que eu quero é ganhar. Não me interpretem mal. Não é só ganhar. Para além de ganhar, também quero ter muitos gostos no facebook.

 

Se exceptuarmos o homem da marreta, não tive o prazer de conhecer ninguém em particular. Se exceptuarmos fazer xixi em andamento, não aprendi nada de especial. Por outro lado, uma vez que a corrida não é só amizades e beleza natural, em 2015 fiz muitos inimigos e fartei-me de vazar lixo no monte.

 

Competir com os melhores não é o que mais me motiva. A minha maior motivação é identificar-me nas fotos dos outros e ficar horas a ver os gostos a cair às pinguinhas. Brinco com a pilinha sempre que uma publicação minha chega aos 100 gostos. É assim que eu alcanço os meus objectivos e ultrapasso os meus limites.

 

abutres.gif

 

Nos Abutres, à falta de melhor adjectivo, foi um desastre. Fiquei aquém das espectativas e fui torturado pela Mafia Chinesa de Barcelos, que em mim apostou 1 milhão de euros na Betclic. Os mafiosos tiraram-me um rim e venderam-no no mercado negro para cobrir parte do prejuízo. O atleta desilusão dos Abutres não conseguiu sequer atingir o seu principal objectivo: chegar ao fim com os pés secos. Cheguei com eles ensopados e cheios de lama. Um verdadeiro desastre.

 

Sicó.jpeg

Em Sicó, passei a integrar os quadros do TopMáquina. Calcei os ténis, rezei dois Pai-Nossos e duas Avé-Marias, besuntei o rêgo do cu com vaselina PACU e parti para os 111km com o objectivo de chegar ao fim com a cueca enxuta. Relembro-vos que havia borrado a cueca na minha última prova de 3 dígitos. O UTAX e o Município da Lousã ainda estão em dívida comigo pela qualidade com que adobei a Serra da Lousã. A cueca chegou enxuta e isso, em si mesmo, já foi uma vitória.  Por outro lado, estive com o homem da marreta ao km 95. Ele mandou cumprimentos. A conversa com o marreteiro foi tão boa, mas tão boa, que fiz os 5km seguintes a passo. Inclusive as descidas. Despedi-me dele no abastecimento dos 100km, quando entornei um caldinho verde que me soube pela vida.

 

paleozoico.jpeg

 

No Paleozóico, passei a prova toda a ouvir falar de um “elevador”. O “elevador” isto; o “elevador” aquilo. Enganaram-me. Não havia nenhum elevador. Nem elevador, nem teleférico, nem funicular, nem bondinho. A culpa é minha. Fui eu que percebi mal: não é “elevador”; é “eleva-a-dor”. Assim já faz mais sentido, pois aquela subida elevou-me a dor a níveis estratosféricos. Malditos sejam.

 

Taça Ibérica.jpeg

 

Em Cerveira, dado enorme contigente espanhol, aprendi mais palavras em Castelhano durante a primeira contagem de montanha do dia (com 450D+) do que em toda a minha adolescência vendo o Canal Íntimo. Eis algumas das bonitas expressões que agora utilizo sempre que me desloco ao país vizinho: Estoy hasta los cojones; Que coño; Me cago en la leche; A tomar por culo; Que putada; No jodas!; Que coñazo; Que hijo(a) de puta!; Eso está de puta madre; Está cojonudo;

 

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Em Poiares, recebi um troféu muito esquisito. O dito cujo exibe focinho de bode (pois tem barbicha) e corpo de cabra (pois tem tetas). Ou seja, trata-se de um caprino transexual – e nós aqui no TopMáquina não gostamos dessas modernices. Ou bem que era uma cabra; ou bem que era um bode. Assim não.

 

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Na Padela, corri com um veterano do Trail Nacional e cheguei à conclusão de que o Pedro Marques é um estroina. De maneira a não ferir susceptibilidades, vou dar apenas 3 exemplos ligeirinhos do terror que é correr com o Pedro: (1) O Pedro mete conversa connosco para que a gente se desconcentre e bata com os cornos no chão; (2) O Pedro come bananas e depois atira as cascas em direcção aos nossos pés para ver se a gente escorrega e bate com os cornos no chão; (3) O Pedro dispara subida acima, pára, espera por nós, incentiva-nos como se estivéssemos em Zegama, depois arranca novamente, ultrapassa-nos e volta a fazer o mesmo. Tudo para psicologicamente nos deitar a baixo e ver se a gente leva com a marreta.

 

Mont-Blanc.jpeg

 

No Mont-Blanc, a minha estratégia – que passava por fazer marcação cerrada ao Kilian Jornet – ficou comprometida pelo facto do espanhol não ter participado na Maratona. O morcão fez (e ganhou) as últimas 3 edições, mas este ano lembrou-se de disputar apenas no km vertical. Ser vedeta é isto: é ser egoísta; é pensar apenas em si próprio; é ignorar as necessidades dos outros – sobretudo nas minhas. O Kilian era um ídolo para mim, mas hoje morreu. Atirei um paralelo à vitrine de uma loja da Salomão, risquei-lhe a roulotte com a minha medalha de finisher, rasguei os posters dele que tinha colados no meu guarda-fatos e estou a usar o livro "Correr ou Morrer" para limpar o rabinho.

 

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Em Óbidos, apanhei boleia no autocarro da minha futura equipa e fiquei surpreendido com o ambiente que encontrei. As vedetas da equipa vianense partilharam experiências para facilitar a minha integração no grupo – e foi muito gratificante ouvir histórias bonitas de entreajuda e superação, como daquela vez em que o Jérôme foi atacado por um Lince Ibérico no Gêres enquanto arreava o calhau – o Jérôme, não o Lince. O Ricardo e o Faria passaram a viagem a cantar ao desafio e a mamar do garrafão do vinho: enquanto um cantava, o outro mamava. O Saleiro conduzia o pão-de-forma, o Rocha enfardava rissóis directamente do Tupperware, a Iva e o Pedra jogavam à sardinha, o Amândio automotivava-se falando sozinho, a Sónia fazia um gorro em malha para o Jérôme – muito frio apanha aquela careca – e os restantes mostravam o rabo aos transeuntes. Sinto a mística do Viana-Trail a apoderar-se de mim como uma doença contagiosa. Só não gostei da segregação de género imposta pelo Presidente, com as mulheres na parte da frente do autocarro e os homens escorraçados para a parte de trás. “Temos de poupar energia para a prova”, dizia ele. Ao menos deu o exemplo, já que a sua cara-metade fez a viagem toda na bagageira.

 

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Em Arga, o Rui Seixo e o André Rodrigues resolveram adubar a Serra D’Arga como se não houvesse amanhã. Apanhei os dois, de cócoras, a cagar à caçador. Quem não soubesse melhor, diria que eles haviam sido contratados pelo Ministério da Agricultura. Se os problemas gastrointestinais do Seixo não tiveram reflexo na classificação colectiva da sua equipa, o mesmo não se pode dizer em relação ao André. A Juventude Vidigalense contava com apenas 3 atletas, pelo que estes teriam obrigatoriamente de terminar a prova para classificar a equipa. Ou seja, a desistência do André deitou por terra as aspirações da equipa de Leiria. «As fezes do André souberam-me a mousse de chocolate», confessou o Presidente do Viana Trail a este vosso mui estimado cronista.

 

Salto.jpeg

 

Na Senhora do Salto, levei uma penalização de 6h por ter engravidado uma caminheira durante a prova. Jamais esquecerei esta prova. Ao km 16 concebi o meu primeiro filho. Vou ser pai... Pelo menos isso é o que diz a caminheira contra a qual embati pela retaguarda no passado Domingo. A culpa é do viagra. Troquei os comprimidos de imodium pelos de viagra – ambos azúis – e tomei dois a meio da prova. O problema é que fiz a segunda metade com a tenda armada e depois deu-se o azar de ter apanhado a futura mãe do meu filho numa curva mais apertada. A coitada, ainda por cima, estava de rabo empinado à procura de uma lente de contacto. É o destino. A rapariga não é da terra. A Christine é uma estudante francesa a fazer Erasmus em Ermesinde.

 

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Em Afife, constatei que sou o único gajo do Trail Nacional que não rapa os pêlos da pila. Os meus pêlos púbicos são como o cabelo do Sansão. Se os cortar, perco a força! Não percebo o que se passa com os jovens de hoje em dia. Que moda é essa de deixar crescer a pelugem facial e rapar a tomateira? Por um lado são lumbersexuais; por outro parecem actores porno. Cá para mim é tudo uma questão de insegurança. Só rapam porque rapado parece maior.

 

UTAM.jpeg

 

Por fim, nos Amigos da Montanha, descobri que o meu limite situa-se entre as bolhas de sangue e as bolhas de terra. Uma coisa é um tipo fazer bolhas de sangue em resultado da sujidade que inevitavelmente entra nas sapatilhas; outra coisa são as bolhas de sangue rebentarem e transformarem-se em bolhas de terra quando a sujidade se aloja entre a pele e a carne, provocando dores dilacerantes sempre que o pé toca o chão. Imagino que isto é o equivalente a ser torturado por um mestre de acupunctura. Assim sendo, parece que é desta que vou começar a usar meias. Fiquei convencido pela cara de nojo com que o Ricardo Silva olhou para os meus pés depois da prova. O coitado teve um refluxo gástrico e só não vomitou à minha frente para não parecer mal. Para além das meias, também vou começar a pintar as unhas como a Tu Xa. A pintura, porém, é apenas por questões estéticas. Acho que me vai ficar a matar.

 

Agradecimentos.jpg

 

Apesar de uma época miserável, tenho de agradecer a todos os que me apoiam. Não é que me apeteça muito, mas sou contratualmente obrigado a fazê-lo. O meu Contrato de Casamento é bem claro nesse ponto, pelo que o meu primeiro agradecimento vai para o meu companheiro moçambicano.

 

Obrigado Xuxu. Tens sido o meu apoio emocional desde que me estreei nas lides do Trail Running. Contigo não me falta motivação para treinar, pois treinar é a melhor desculpa para sair de casa e não ter de te aturar. Obrigado por seres a pessoa mais chata do mundo.

 

Obrigado Meia da Raquete. Não conseguiria sobreviver sem os 500 paus que vocês me enviam todos os meses. Embora não corra com elas, as meias da raquete são óptimas como forma de evitar queimaduras ao usar saco de água quente, ou para dar uma berlaitada na falta de papel higiénico. Não posso recomendá-las mais.

 

Obrigado Adipas. Com o vosso apoio tive oportunidade de experimentar e usar material top. O representante da Adipas na Feira de Ponte de Lima tem sido incansável, mimando-me com os melhores produtos do mercado. Sem o meu amigo Lelo ainda estaria a correr nas distritais.

  

Obrigado Sopa da Mamã. Graças a ti não me recordo de nenhuma queda de tensão durante as provas. Lembro-me de um ataque violento de flatulência, mas isso foi porque uma vez exagerei na dose e enfardei 5 sopas de feijão de seguida. Graças à tua hortaliça, terei a afinação perfeita para mais um ano de grandes desafios!

 

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