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TOP MÁQUINA

Eu faço Trail e sou uma Máquina. E isso é Top!

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Rescaldo: IV Inatel Piódão Trail Running 2016

por Pedro Caprichoso, em 07.04.16

O principal problema do Piódão é que fica longe de tudo. Para quem não conhece, fica no meio do nada: ali para os lados dos quintos dos infernos, entre o cu de Judas e onde o Diabo perdeu as botas. Muitos levantaram-se às 3h da manhã e fizeram 4h de carro para estarem à partida do IV Inatel Piódão Trail Running. Heróis. É claro que depois deu-lhes o sono durante a prova e fizeram figuras tristes. Querem dormir? Tudo bem, mas façam-no fora do trilho. Os outros atletas podem tropeçar em vocês e cair—e cair aleija.

 

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Da mesma forma, considero que testar material durante a prova é uma tremenda falta de respeito para com os outros atletas. É o equivalente a um automobilista parar na faixa de rodagem para falar com um peão e entupir o trânsito atrás de si. Novamente: querem testar material? Tudo bem, mas façam-no fora dos trilhos.

 

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Tenho um ritual pré-prova, mas não sou uma pessoa supersticiosa. O ritual nada tem de supersticioso. Uns aquecem, alongam, bebem 5 cafés e dão uma valente cagada antes da prova. Eu não. Aquecer e alongar é uma canseira, não gosto de café e não me importo de cagar no meio do monte. Para aquecer os motores prefiro apalpar as glândulas mamárias dos meus colegas de equipa. Um tipo fica excitado, a circulação sanguínea aumenta, os músculos aquecem e arrancamos com um sorriso nos lábios. Parece-me bem mais saudável. A única desvantagem é ficar com a tenda armada e enrabar acidentalmente um inocente aquando do tiro de partida. Tal já me aconteceu por duas ocasiões, mas as vítimas não se importaram. Não apresentaram queixa e, pelos vistos, até gostaram. Ainda tenho o telemóvel delas. 

 

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Soube que a prova ia correr bem ao Délio quando o vi a mijar atrás de um carro dos bombeiros. Uma bombeira dirigiu-se em direcção à viatura, estacou quando o viu de pirilau na mão e paralisou de boca aberta durante alguns segundos. “Estás a ver aquele atleta de vermelho a afastar-se do nosso carro? Ele está equipado com material de ponta. De certeza que vai fazer um bom resultado”, disse a bombeira a uma colega. Dito e feito: fez 3.º lugar. Esta é a posição que o Délio usa para fazer xixi:

 

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O Flamengo fez uma pausa no Brasileirão e deslocou-se ao Piódão para estrear-se nas lides do Trail. O clube do Rio de Janeiro não deixou o seu crédito por mãos alheias e cilindrou a concorrência. Colocando 3 javalis no top10, obtiveram uma victória merecidíssima. Chafurdada mas merecida. Sem espinhas.

 

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Qualquer semelhança entre a segunda metade da prova e a série The Walking Dead não é mera coincidência. Os mortos-vivos foram vítimas da Fórnea, do Colcurinho e de uma primeira metade muito rápida. Não é por acaso que quem conhecia o percurso decidiu poupar-se nos primeiros 30k para conseguir manter o ritmo nos últimos 20k. Exemplo: o javali Rui Luz—3.º classificado em 2014—ganhou 16 posições na segunda metade e alcançou um excelente 4.º lugar à geral. O berbicacho para muitos é que chegaram ao topo da Fórnea e pensaram: “Bem, a subida está feita. Agora é só fazer 8k no topo da Serra e descer rumo ao Piódão”. O problema é que ainda faltava o Colcurinho e a meio deste estava escondido o homem da marreta.

 

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Massacrante foi o adjectivo utilizado por muitos para qualificar a prova. Muitos dizem terem ficado dois dias de molho à conta das descidas. Não percebo. Não faço ideia do que esta gente está a falar. No dia seguinte, Domingo, fiz 1h20 de corrida com o meu cão, joguei à macaca com a minha afilhada, fiz uma aula de pilates e andei à porrada com um cigano. Havia participado na segunda edição (2014) e já sabia ao que ia. Pelo contrário, parece-me evidente que muitos novatos foram ao engano. Os coitados não faziam a mínima ideia onde se foram meter. Se fizessem, não se punham a rir na base da subida mais dura do percurso. Eu gostava era de ver uma foto do casal abaixo retractado no topo da Fórnea. Queria ver onde é que eles iam buscar forças para arreganharem a fronha.

 

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Quem me viu a cortar a meta pode ter ficado com a ideia errada. Não estava a morrer. Não era cansaço. Estava simplesmente engasgado com os 3 géis que enfardei ao longo da penosa subida das escadas do Hotel rumo à meta. Um gel a cada 10 degraus. Em boa verdade, cheguei ao fim tão fresco, mas tão fresco, que ainda tive forças para dançar o vira. O speaker fez de homem e eu de mulher.

 

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Detestei o prémio de finisher. Uma colher de pau? A sério? Façam-me o favor! Detestei-o porque a minha mulher adorou-o. Deu-me com ela no rabo por ter ido para os copos com os meus colegas de equipa e ter chegado a casa às 4h da manhã. Quatro dias passados, ainda não me consigo sentar.

 

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Perdi 2kg no UTAX e mais 3kg no Piódão. Como é que um tipo perde 2kg em 110k e perde 3kg em 50k? Não faço ideia. É um dos mistérios do Trail Running. Seja como for, acredito que ainda consigo perder mais 2kg. Para tal farei uma redução do pénis. Ficarei mais leve e deixarei de tropeçar no meu malaquias. Tenho agendada uma redução peniana para Junho e penso que em Setembro já estarei em condições de alcançar o objectivo principal da minha época desportiva: ser finisher da Légua Nudista.

 

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Para terminar, informo-vos de que serei atleta oficial da inov-8 a partir do Trail da Baixa da Banheira. O meu contrato com a Adipas acabou em Março, o meu empresário declinou a sua renovação e no Piódão já tive oportunidade de testar o equipamento da marca inglesa. A Adipas queria que eu fizesse publicidade grátis aos seus produtos em troca de um desconto de 15% nos produtos da marca—e eu fiz-lhes um manguito. A sério? Fazer o trabalho comercial de uma marca em troca de 15% em desconto? 15%? Quem é que se sujeita a tal coisa? Não acredito que haja quem se deixe explorar desta forma. Para quê? Para encherem o peito e anunciarem que são patrocinadas? Por quê? Por que acreditam que ser patrocinado aumenta a percepção que os outros têm das suas capacidades atléticas? Mais patrocínios = melhor atleta? É isso? Estamos perdidos!

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