Toda a Verdade sobre o TopMáquina
O JN Running pediu-me uma entrevista e a primeira coisa que eu fiz foi elaborar um discurso todo xpto. Tenho pânico de falar em público e pensei que me safaria melhor se tivesse a lição estudada. Enganei-me redondamente. Vocês já viram este vídeo e sabem do que eu estou a falar. Algumas partes escaparam-se-me e outras não resistiram à edição. Um desastre completo. Posto isto, de maneira a não acharem que eu sou um perfeito anormal, transcrevo em baixo a versão completa. Eis toda a verdade sobre o TopMáquina:
[TopMáquina na véspera de ir para a tropa]
Infelizmente não comecei a correr porque pesava 220kg e fumava 5 maços de tabaco por dia, pois nesse caso teria uma história emocionante de superação para vos contar. A realidade é bem menos interessante.
Comecei a correr no século passado. Provavelmente em 1997. Na altura jogava futebol nos escalões de formação, e foi-me proposto por um colega de equipa começarmos a correr nas férias grandes para chegarmos melhor preparados ao início da época futebolística. Lembro-me de sentir que aquele circuito—que nos levava 25min a subir e outros 15 a descer—era o nosso Kilimanjaro. Sempre pensei que teria uns 10km. Anos mais tarde, equipado com um relógio GPS, descobri que nem 4km tinha.
Entretanto, em 1998, fui estudar para fora. Deixei o Futebol, continuei a correr e fiz a minha primeira prova em 2000—então com 20 anos. Sobrevivi à Meia-Maratona de Viseu com 1h35, federei-me e continuei a fazer provas de estrada até 2012—ano em que fiz a minha primeira prova de Trail.
Como sou um tipo que gosta de fazer as coisas com calma e não dar um passo maior do que a perna, escolhi os 70km do Ultra Trail Serra da Freita (UTSF 2012) para me estrear no Trail. A Freita é perto de casa dos meus pais, já tinha feito 3 Maratonas de estrada e julgava, do alto da minha sobranceria, que acabar o UTSF eram favas contadas. Fui ao engano. Completamente. Caí 10 vezes—sim, contei-as—e pensei em desistir outras tantas. Ainda hoje não sei como, mas lá consegui cortar a meta ao cabo de 11h30—já por essa altura o Mota havia tomado o seu duche e enfardado 3 bifanas. Depois da Freita fiz o UTAX, e depois outra e mais outra e mais outra… E agora aqui estou eu a ser entrevistado por aquilo que escrevo e não por aquilo que corro. No fundo, sou um atleta frustrado. Verdade.
Sempre escrevi. Tive muitos blogues ao longo dos anos, daqueles extremamente egocêntricos e nada interessantes. Entretanto, no final de 2014, comecei a escrever no facebook umas palermices relacionadas com o Trail e as pessoas pareciam reagir de forma positiva aos meus textos. Daí a criar o blogue foi um passo. O TopMáquina é a forma que eu tenho de não me levar a sério e de me rir de mim próprio. As provas são para competir, quanto mais não seja comigo próprio. Entre o tiro de partida e a meta só penso na competição. Fora isso, para não cair na obsessão da competição, sinto necessidade de apalhaçar. É quase como uma terapia, sendo que o melhor remédio é rirmo-nos de nós próprios.
Já que estou na televisão, posso mandar beijinhos para os meus Trail Runners preferidos? Refiro-me, como é evidente, aos primos Rodrigues (Pedro Rodrigues, Jérôme Rodrigues e André Rodrigues) e aos primos Silva (Nuno Silva, Ricardo Siva e Carlos Natividade Silva). Por fim, quero ainda mandar uma lambidela molhada à Missy TrailLab—a melhor atleta de 4 patas do Trail Nacional. [Nota para mim próprio: pegar na câmara e dar uma valente lambidela na lente de maneira a deixá-la embaciada.]
Já agora, em que canal é que isto vai dar?